Capítulo 41

Narrado por Luan

  Havia acabado de voltar pra estrada e estava renovado, bem descansado. Curti demais minhas férias, aproveitei os bons momentos que pude com a minha família e minha filha, e co a Jeni também.
  Estávamos a caminho de Fortaleza, estava um calor de lascar. Logo que chegamos no hotel fui me trocar para descer e mergulhar na piscina do hotel com a galera que já estava descendo também.
  Quando peguei uma camisa e ia saindo do quarto meu celular começou a tocar, e pelo toque de chamada eu sabia que era a Jeniffer. Sorri ao ver o apelido "Mor" chamando, mas logo esse sorriso se desfez quando ela atendeu chorando desesperadamente.

_ Jeniffer calma, minha mãe não faria isso. Ainda mais sem me dizer nada a respeito
_ CALMA ? COMO VOCÊ ME PEDE PRA TER CALMA QUANDO A SUA MÃE QUER TIRAR A MINHA FILHA DE MIM ? -ela chorava de soluçar-
_ é de quando isso ?
_ acabou de chegar -fungava- o que eu faço ?
_ vou ligar pra minha casa e falar com o meu pai e depois te ligo
_ se sua mãe insistir nisso eu sumo e ninguém me acha e minha filha vai junto. Esteja avisado ! -falou desligando-

   Ela desligou sem nem me dar chance de uma possível resposta. Joguei minha blusa na cama e disquei o número de casa. Minha irmã que atendeu e chamou meu pai.

_ pai a gente já tinha conversado sobre isso. Vocês não aceitarem ela é uma coisa, mas outra completamente diferente é quererem tirar dela a única coisa que ela tem
_ vai ser melhor para todos, eu e sua mãe não achamos que ela deva ficar com a mãe
_ a mamusca e o senhor falaram tanto sobre a Jeni tirar a Bruna de vocês e agora tão querendo fazer a mesma coisa -falei impaciente-
_ Luan nós sabemos o que é melhor
_ não vou deixar fazerem isso com ela, não mesmo
_ vai ir contra a sua família agora ? Só porque tá com aquela .... Aquela ... Mulher
_ pai isso já é demais e não vai ficar assim. Mas não vai mesmo, tô indo pra São Paulo -falei decidido-
_ e seus shows ? Vai largar tudo aí mesmo ?
_ preciso pensar. Tchau -ele nem se despediu e desligamos-

   Fiquei sentado na cama pensando no que faria. Rober apareceu pra me chamar, e eu contei o que estava acontecendo.

_ cara que coisa
_ eu sei que a Jeni errou pra porra, mas vai adiantar eles ficarem de marcação em cima da menina ?
_ ela aprontou mesmo, e eu até entendo que seus pais não queiram saber dela e até eu ficaria com os dois pés atrás, mas acho que sua mãe pegou pesado mesmo cara
_ eu preciso conversar com um advogado. Tô com medo dela sumir de novo Testa e dessa vez ela levar minha filha junto
_ shii Luan, na boa cara isso vai dar treta
_ cê tem que me ajudar Testa
_ no que exatamente ? -perguntou mexendo no celular-
_ quando volto pra São Paulo de novo ?
_ daqui um mês ou um mês e meio. Porque sua turnê é entre o norte e nordeste, tem dois programas, mas não em São Paulo e sim no Rio de Janeiro
_ quando ?
_ daqui duas semanas
_ caralho preciso ver isso logo, num tem como dar um jeito não -ele negou com a cabeça- tá vou esperar
_ vou ver essa parada aí de advogado e depois nos falamos -bateu em meu ombro e saiu me deixando sozinho com meus pensamentos novamente-

   Tentei ligar pra Jeni, mas perdi as contas de quantas vezes havia caído ma caixa postal. Joguei o celular na cama e fiquei sentado pensando no que fazer. Eu precisava era conversar com a minha mãe e pedir que ela parasse com essa loucura. Isso já passou dos limites faz tempo. A Julie é uma criança e não entende o porque da briga dos adultos e nem tinha nada a ver com isso.
  Liguei pra casa e esperei bastante até que minha mãe atendeu.

_ oi filho ! Tudo bem ?
_ mãe porque a senhora está fazendo isso hein ? Por vingança ?
_ você não entende né ? Essa mulher não merece ser mãe não e sem contar que se ela fez mal pra sua irmã pode ser que faça mal a Julinha também
_ as coisas não são assim. Somos adultos e iremos resolver isso como gente grande
_ exatamente. Resolveremos na justiça e veremos quem esta com a razão, Luan
_ mãe por mim, que sou seu filho. Como viveria em um mundo sem eu e a Bruna ? -ela ficou calada- me diz ! Pensa bem no que a senhora está fazendo, pensa muito bem. Está querendo tirar um filho de uma mãe -falei e ela mesma desligou-

   Estava totalmente perdido. Essa era a verdade.

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Narrado por Jeniffer
  Aí que raiva viu. Eu não acredito que as coisas chegaram a esse ponto. Ao ponto da Marizete e o Amarildo quererem tirar de mim a guarda legal da minha filha. Eles não irão conseguir, nem que pra isso eu tenha que sumir, desaparecer no mundo outra vez e dessa vez sem volta.
   Desliguei o celular e fiquei sentada na sala, abraçada aos joelhos e balançando pra frente e pra trás pensativa. Julie dormia e eu estava ali em outro mundo.
   O dia passou voando, resolvi ligar o celular e muitas mensagens e ligações. Todas dele. Pelo horário ele deveria estar no palco e sendo assim iria retornar a minha ligação assim que a visse
   Dito e feito.

_ oi amor. Esta mais calma ?
_ não. Ainda estou uma pilha -estralei os dedos-
_ eu conversei com os meus pais e minha mãe ainda não disse nada
_ sua mãe não tem que opinião na vida da minha filha. Eu sou a mãe dela e eu sei o que é bom pra ela. Eu sei que é da sua mãe que estamos falando, mas ela não é a boa da história. Eu me mato se eu ficar sem a minha filha
_ nem brinca com isso Jeni
_ pareço estar brincando ? -perguntei séria- quando você volta ?
_ daqui duas semanas
_ é muito tempo, eu vou dar um jeito nisso e da minha maneira -falei decidida-
_ o que voce vai fazer ?
_ nada demais. Vou conversar com a sua mãe. Só eu e ela sem ninguém pra atrapalhar essa nossa conversa -falei desligando o celular-

  Estava de noite e na manhã seguinte eu sei que Amarildo iria para o escritório e a Bruna estava em Campo Grande com a família. Ou seja, a Marizete estaria sozinha.
   Acordamos era uma manhã de segunda-feira, levantamos e fomos tomar banho juntas. Arrumei sua roupa e cabelo e fui me vestir. Chamei a Julie e falei que iríamos tomar café da manhã com a vovó. Ela claro que adorou a ideia, tanto que saiu correndo pra porta assim que recebeu a notícia.
   Eu precisaria de muita coragem pra chegar sem ser convidada. Mas eu precisava disso e então fomos. Apertei a campainha e ela veio abrir a porta e na hora em que olhou para a mesma seu sorriso se desfez dando lugar a uma carranca. Ela então cruzou os braços e perguntou o que eu estava fazendo ali, que poderia dar meia volta e ir embora.

_ não vou a lugar algum, vou entrar e nós iremos conversar -falei descendo Julie de meu colo e ela abraçou as pernas da avó e entrou correndo- a conversa vai ser aqui fora ?
_ o garota, eu não tenho medo de você não viu. Tá pensando o que ?
_ não pedi pra senhora ter medo de mim, quero te fazer entender que o que eu fiz no passado não vai refletir no meu presente. Eu realmente mudei, a senhora acreditando ou não. Mas deixa eu falar uma coisa, não é porque eu mudei que eu vou ser troxa que irei escutar e aceitar tudo calada sem abrir a boca. Você é mãe e eu respeito as suas decisões de não querer eu por perto, é um direito seu -ela escutava atenta, porém não gostava nem um pouco do que escutava- agora mexer com a minha filha é comprar uma briga feia comigo. Não é você nem advogado nenhum que irá tirá-la de mim e pode ter certeza que se continuar com isso eu sumo no mundo e nem que coloque a policia do mundo inteiro atrás de mim vocês verão a Julie de novo. Espero que estejamos conversadas
_ não estamos. Acha que eu acredito no seu blefe ? Para né
_ olha você pode até me xingar, me humilhar, só não mexe com a minha filha
_ não é nada contra você, só estou pensando no melhor dela
_ você sabe melhor do que ninguém que o melhor lugar para um filho e perto dos pais e pode ter certeza que se insistir nisso seu filho nunca mais vai ver minha filha outra vez

   Falei passando por ela e indo chamar a Julie que estava com o Puff, comendo ração. Dei risada e lhe peguei no colo, ela toda animada deu tchau pra vovó e nós fomos passear. Naquele dia nós fomos para um parque muito bacana, bem legal e ficamos por lá o dia todo. Quando chegamos em casa, nós duas estávamos moídas de tanto cansaço, com os pés sujos, suadas e maquiagem já não existia mais em meu rosto. Sem contar que nossa barriga roncava.

_ bora tomar um banho bem gostoso ! -falei animada e ela coçou os olhos- que foi ?
_ quero dormir mamãe, não quero tomar banho
_ ah quer sim, vai ser rapidinho amor. Depois a mãe vai fazer batata frita, huuuum gostoso né Juju ? -ela assentiu estendendo os braços-

   Mas uma vez em meu colo, subi as escadas e fui pro quarto dela, separei seu pijama, fralda e calcinha. Prendi seus cabelos com uma "chuchinha" e entramos no banheiro do meu quarto, acabamos tomando banho juntas e foi bem divertindo. Ela acabou despertando um pouco.

_ papai nem ligou hoje -dizia ela enquanto eu colocava sua fralda- hein mamãe ?
_ papai ligou, mas a Juju ta a dormindo
_ ah ! Mas ele deu beijo no telefone ?
_ deu e um montão -risos- quer ligar pra ele ?
_ quero -ela ja disse esticando os bracinhos gordinhos e quando pegou o celular desbloqueou a tela sozinha e riu apontando pro papai na tela.

   Ligamos, mas deu ocupado. Pelo horário ele deveria estar no palco ainda ou atendendo a imprensa. Descemos e enquanto ela ficou sentada cheirando a blusa dele eu fui preparar nossa refeição bem gostosa. Batata frita, arroz, feijão e suco de uva.

_ tem que comer tudo Ju
_ não tô com fome não -dizia pegando só as batatinhas-
_ a mamãe te dá vem aqui, vem

   Poisé, quem diria. Eu aprendi a ser mãe e pela minha filha eu faria o possível e o impossível. Ela é minha vida. Eu amo a minha Juju ! Assim que acabou de comer nós escovamos os dentes e fomos nos deitar, arrisquei cantar só que eu não levava o menor jeito, então coloquei música no celular e ela deitou me abraçando e logo dormiu.

...

Duas semanas depois !

...

Narrado por Luan
   A caminho da primeira gravação do ano, estava com pressa, mas porque queria ir pra São Paulo o quanto antes.
Gravei a manhã toda e parte da tarde, depois seguimos só eu, Roberval e Cirilo.
Cheguei já era por volta das dez e meia da noite. Meus pais nem sabiam que eu estava por aqui, quando eu cheguei em casa assustei os dois. Eles ficaram surpresos e envergonhados já que peguei os doía de safadagem no sofá. Eles logo se vestiram enquanto eu fui até a cozinha. Ao retornar, depois de tomar água sentei no sofá.

_ você não iria voltar pro nordeste ?
_ precisamos resolver esse assunto e eu estava agoniado mamusca, não tô dormindo direito pensando nisso
_ filho, só estamos pensando no bem de vocês todos -dizia minha mãe segurando minha mão- não é nada por vingança ou maldade
_ mãe, pai ... Vocês dois me criaram para que eu me tornasse um homem e foi o que aconteceu. Vocês me instruíram para tomar as decisões corretas e que eu achasse que valia a pena tentar. Olha eu sei que mesmo com todos os acontecimentos e situações que passamos por causa da Jeni abalaram a estrutura dessa família, só que ninguém pensou na dor dela, no que ela passou e os motivos pelo qual ela fez isso. Não estou justificando nada, porque sim, foi errado. Mas de que adianta julgar ? Vocês me conhecem melhor que eu mesmo, acha que eu daria uma chance se não acreditasse que seria diferente ? Pode demorar para que vocês aceitem ela, perdoem, mas isso não significa que precisem ser inimigos. Porque isso vai acabar ferindo pessoas que não estão no meio desse rolo todo. A Julinha e a Bruna sofrem com isso, ou pensa que ela não percebe que a mãe que antes vivia enfiada aqui agora vive doente e não pode mais vir aqui ? Ela tem quase dois anos, mas é muito esperta e perceptiva. De todo coração, sei que vocês querem o meu melhor. Mas quero dizer que meu melhor e a minha felicidade, é ela e eu sou capaz de tudo por ela. Eu amo a Jeniffer ! E é assim que vai ser ...

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    Capítulo postado. Escrevi correndo, porque tempo é o que não está sobrando. Então não sei quando posto o próximo, não desistam da fic e espero que entendam. Porque não é falta de vontade. E entrar aqui pra escrever qualquer coisa é melhor que demore pois valerá muito mais a pena. Beijos !
  Continuem comentando, e me digam o que acharam desse mega desabafo do Luan ? E da conversa da Jeni e da Mari ?
Beijos até mais ....